Um poema triste que reflete um mundo
de densas procuras ao redor de si mesmo.
O artesão em busca
de uma tela para costurar sua obra,
fazer o vestido de branco e ela,
cabelos longos e cacheados,
ruiva o olhar às pedras do mar.
"Se já sou o dobro" ainda é uma dúvida.
Talvez uma pergunta para si mesmo
que ainda não foi respondida.
Se, for real, parte da conquista não é,
de fato, sua, mas dela que por você lutou
contra o mundo desde a ancestralidade.
Sua história está escrita nas cicatrizes corridas,
nas marcas e sulcos profundos
que traz no corpo e na alma.
Se o "Se" existe no dobro que fala,
não se está sozinho de "todo" o mundo.
Ninguém está perto.
Talvez, talvez, se o permitires, junto, dentro.
Quem precisa de que o cumprimentem?
Rasantes ou não, quando sabemos
o que queremos e é para "isto"
que nosso olhar deve se voltar.
Quando o espelho da vida não reflete mais
cálidas ranhuras de amor e outorgas de lampejos,
é assim que de fato nos encontramos.
Vestidos de traços sem cor e vida com meia passagem pra dor.
A porta da vida está aberta.
Não precisa bater para entrar,
nem ir para a fila dos enfileirados indo para algum lugar.
Eles seguem seus sonhos.
Siga o teu.
Sabes onde o encontrar.
Não há deuses que possam transformar
nossas mentiras em verdades.
Eles podem mediar a dor,
mas a verdade de nossas mentiras
é nós que precisamos inverter - q
ue você encontra a paz
e que tuas mentiras se transformem em verdade
se isso lhe faz bem, se lhe traz felicidade.
Nem sempre os tempos se conectam.
Conexões podem se desencontrar.
Muitas vezes só precisamos de 38 segundos,
mas a luz já eclodiu e morreu
do outro lado da janela do tempo.
Se raspejam só sombras é porque é nelas que estou,
porque tambem não vivo mais sem você.
Então, se é isso que queres,
deita em meu ombro medieval
e repouse de teus atalhos,
de tuas eternas medalhas
onde o amor não precisa mais de vestimenta,
mas da paixão que ganha o cetim da vida
no acordar de um sol de intensas ânsias e procuras.