Eu sou uma pequena flor
que nasceu num jardim de amor
e prefere olhar para o rosto imperfeito e nu
de seu jardineiro do que esquivar-se de amar as mãos
que lhe plantaram e lhe deram vida.
O meu amor é assim: sombras de paz
e infinito eterno que se desenharam
na parede de meus pra dentro
e que não temem o despertar.
Continuo abraçada as palavras
para dizer o que habita meu coração,
com medo de que, também elas,
sejam insuficientes para revelar os sentidos
do que me torneia o espírito.
Pouco se me resta de vida para amar.
A caminhada feita é mais longa
do que a que falta para caminhar.
E embora não sabemos do amanhã
acordo todos os dias sem saber
se este será o primeiro dos próximos a viver
ou o último dos que já vivi.
É o único momento que tenho de certeza,
esse, exatamente esse em que as lágrimas
descem lentas pela face, o nó na garganta dói
e as palavras se trombam tentando criar
uma frase que faça sentido e me entregue,
Flor, às mãos do jardineiro que me deu vida
porque, semente, me amou.