Não sei das estações do tempo.
Não compreendo que pertença a alguma delas
e que posso escolher quantas estações
me é possível ficar em tua vida.
Mal consigo tocar-te com os olhos da face
ou com as mãos que agora tecem o fio
para tricotar esse mantra de amor.
Talvez estejas te perguntando
porque estou aqui e não ali ou lá.
É que não sei mais se posso lá ficar.
Há sempre algo que me tira de meu norte,
que me leva pra fora, que me deixa sozinha,
como estou aqui...
Então, como a distância, o tempo e o espaço
são a mesma coisa e me parece
te ter mais perto de mim sem a distância
de seu céu e meu inferno no subsolo...
fico aqui, janela aberta, voz rouca
pelas lágrimas de saudade e um coração
que se revolve na ânsia de dizer tudo que precisa.
E já não sei se terei tempo pra dizer tudo que preciso.
O inverno já passou, a primavera já caminha em alto mar
e logo chega o outono quando, mais uma vez,
todas as minhas pétalas - amareladas pelo tempo -
cairão, serão levadas pela cor do vento
e não mais voltarão à árvore que sou...