Somos rascunhos do tempo.
Nossa história se encontra digitada
debaixo de nossa pele.
Nos dá identidade e essência.
Por isso, não há
que erguer a alça da espada da vitória
por estarmos vivos
e por escolhermos viver em plenitude de amor.
As lembranças do passado,
antigas lembranças, nunca se apagarão.
Pertencem ao tempo de águas claras,
de um lago de que já foi tudo
e que florescia rosas em cor marinho da vida.
São memórias desse tempo, dos presentes, dos vivos,
dos que andavam, perambulavam pelo coração
que brotam nos dias de mais saudade.
Saudade do tempo que pedíamos um abraço
e recebiamos um beijo, uma canção de amor.
Saudade desse tempo dos tempos,
que passou, mas deixou
marcas profundas na vida da gente.
Um tempo em que nossos jardins
eram sem vida, vazios, sem encanto.
Então chegou a vida
e nos fez donos dela e da morte.
Se quisermos voltar no tempo,
temos passagem livre nos portões,
permissão da Alça de Porteiro.
A morte vem e nos leva
em seus braços
de paz do campo santo vesgueiro
A tristeza é porque o tempo passou
e temos saudade do momento de vida,
do concretizar do sonho.
A saudade produz amor,
intensica o sentir.
E sempre vamos senti-la,
mas hoje podemos voltar
e viver também o que ficou pra trás
e não vivemos.
Temos esse poder em nós,
de reviver momentos que tanto amamos
e outros que sonhamos e ainda não realizamos.
Mas, ficam as marcas da guerra da vida,
vergões, o pequeno botão aceso de vida,
a própria vida e a morte
que nos faz falsa eternidade,
mas nos faz perceber que é em cada renascer
que ela se constrói.
Cotidianamente.
Só não deixar morrer pra sempre.
Mas viver a morte das guerras,
das lutas
e guardar no coração e no corpo
os louros da vitória
que só conquista quem permanece vivo após as batalhas,
mesmo o cansaço e o adormecer na cama da vida.
Então você sabe!
Nossa eternidade é sempre um ressuscitar,
um renascer da chama da vida,
do desejo indescritível de viver cada dia,
mais intensamente, o amor e a paixão pela vida.