Não é fácil falar de amor com as notas de uma melodia.
Não tenho o conhecimento, só sinto.
Eu sinto as notas, as pausas e mergulho a alma dentro delas,
deixo meu corpo ser guiado pela maré de ondas
que me assaltam enquanto o ritmo muda o tempo,
o tempo muda o ritmo e tudo se confunde
na elevação da voz aos tons mais altos.
E cristais se quebram, janelas se fecham
e as almas se juntam em consagração
por um momento divino que, quase gregoriano,
invade profunda e intensamente a mente,
franzi as sombrancelhas tal o impacto dentro do ouvir...
é dolorido aceitar a melodia que entra cortante,
que quebranta as pedras e faz de nós
estilhaços em busca de se encontrar...
Junte os cacos, cole-os em teu quadro de parede
e faz um mosaico de nossa hora de amor,
escreve meu girassol, escreve,
conte aos ventos que nossa vida
faz-se melodia diária e amaina a dor do amor
a dor das milhões de horas do tempo distantes,
a dor da saudade, a dor do desejo que arde,
que perambula no silênco do corpo,
com o sangue fazendo-se amor crescente
em meio as florestas de caracóis
que se erguem altivas num refletir
desenfreado e alucinado de nossa melodia de amor...
Me acalenta, me pega no colo
e me permite deitar em teu ombro
para ser ninada por teus beijos e braços feitos
na hora em que o infinito adormece
em nossa linda noite de amor.