Não sei do ranço dos pejoados,
mas do pobre sem nascença,
poeta já sem crença, eu sei.
Sou eu. É você.
É você que não chora
no desfazer do encanto
e não canta
no desfazer da mágoa.
É você que caminha
de um lado a outro do mundo
em busca de melhor dirimir sua ânsia,
em festa rápida, de goles curtos
no roçar de saias belas,
plissadas e engomadas
de sonhos com amêndoas
de amor que, sabes,
se encontram do outro lado,
do lado de lá, do lado dela...
O tempo passa e o sol
ainda caminha
o universo, atemporal,
como aquele homem
- da primeira página -
em busca de seus caminhos.
O desejo e a fome de amar
não depende de idade
ou do tempo que se vive.
No entanto, a alma descobre,
ao longo do tempo,
onde encontrar o amor sem mágoa,
o amor sem maldade,
o amor que não termina ao final da festa,
o amor que não vive de ranços
de uma sociedade pejoada
de vazios e sem laços.