Um dia vivi, mente calcificada,
calcinada por angústias e temores.
Libertar-me dessa prisão de mim mesma
foi o desafio mais assustador, posto que,
a medida que me desfazia
dos nós dos fios que me prendiam,
me via no espelho e não me reconhecia.
Precisei, antes, dar-me a novamente me conhecer.
Desprender-se de si e avançar com asas
pela janela da alma levou incontáveis vidas.
Como diz o canto de Arana, a natureza traz
sua individualidade e caminhamos,
mãos dadas sim,
mas ameaçados por emoções
e angústias naturais da imortalidade.
O tempo passou e também aguardo novas conquistas:
subir a montanha e tocar - com paixão na ponta dos dedos -
seus picos mais altos, sentir o seu choro de névoa,
suas lágrimas escorrendo por entre a palma da mão,
receber meu beijo, guardado em suas terras,
num inefável enlace de um abraço de luz.