Também ando com a saudade tatuada em meu cerne,
mas entendo os sinais da poesia
e elevo meu ser até você por meio da escrita.
Sinto o cheiro raro de tuas linhas
na distância do silêncio que se faz.
Sei que falas por outras mãos,
mas não sei que mãos ousam a tuas interpretar.
É que também não quero perder teus silêncios -
neles me abrigo e me consolo na música
que perfura minha alma e atravessa os sentidos e suas memórias.
E fico meio perdida sem saber para onde ir
ou em que hora do tempo a completude da eternidade vai chegar.
Como no canto de arana "só reconheço silêncios
entre uma nota e outra... moram no âmago".
Conheço as pausas, foi nelas que mais vivi.
Meu cais é de luz e embora não conheça as fendas das catedrais
guardo em mim teus vitrais sagrados, teus mistérios,
águas bentas e curadoras e o sacrilégio do teu amor
que me abraça na noite que chama ao leito
e aos teus braços feitos de nossos sonhos de cetim azul-carmim.