Também tenho medo que minhas lágrimas sequem,
que eu deixe de ser rio, caudaloso em amor,
fresco em mansidão e transparência de suas águas.
Quero que minha alma continue a distribuir sementes,
mesmo entre lágrimas.
Olhar nos olhos sem ver o contexto,
sem naufragar em abismos, mas nadando
em profundezas como sempre sobrevivo.
Sei desse pensar baixinho, dos sussurros
que só são ouvidos pelo sol, dos almejos
que se debruçam sobre seus raios -
de uma entrega total, livre de amarras e medos.
E se sei, falo como a poeta que murmura
sobre o rasgar da alma, sobre o estar calma,
ser só e pó de querer, de desejar.
E que se pergunta desde quando... e... quando?
Num eco de seus murmúrios,
minha alma também sussurra
que rasgou-se letras, ânsias e desejos,
nua e orvalhada, diante de teus olhos de mar...
E se teclas com teu verbo as grietas interiores que marejam,
me acalmas e remansas minha alma
por sendas de chamas inescrutáveis e desconhecidas
que recebem o eco retumbante de tua voz
nas paredes de labaredas e profundezas...
E no vai e vêm da tua melodia,
a alma se enternece desta magia
e suspira que fiques mais um pouco enfim,
que não te vás, antes que eu mergulhe
no nada do teu infinito em mim...