Maria
Prosa e Poesia
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Textos

Também tenho medo que minhas lágrimas sequem,

que eu deixe de ser rio, caudaloso em amor,

fresco em mansidão e transparência de suas águas.

 

Quero que minha alma continue a distribuir sementes,

mesmo entre lágrimas.

Olhar nos olhos sem ver o contexto,

sem naufragar em abismos, mas nadando

em profundezas como sempre sobrevivo.

 

Sei desse pensar baixinho, dos sussurros

que só são ouvidos pelo sol, dos almejos

que se debruçam sobre seus raios -

de uma entrega total, livre de amarras e medos.

 

E se sei, falo como a poeta que murmura

sobre o rasgar da alma, sobre o estar calma,

ser só e pó de querer, de desejar.

E que se pergunta desde quando... e... quando?

 

Num eco de seus murmúrios,

minha alma também sussurra

que rasgou-se letras, ânsias e desejos,

nua e orvalhada, diante de teus olhos de mar...

 

E se teclas com teu verbo as grietas interiores que marejam,

me acalmas e remansas minha alma

por sendas de chamas inescrutáveis e desconhecidas

que recebem o eco retumbante de tua voz

nas paredes de labaredas e profundezas...

 

E no vai e vêm da tua melodia,

a alma se enternece desta magia

e suspira que fiques mais um pouco enfim,

que não te vás, antes que eu mergulhe

no nada do teu infinito em mim...

Maria
Enviado por Maria em 04/01/2023
Alterado em 06/01/2023
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