Também estou areia,
que brinca com o vento e sua melodia.
Brinco de voar por sobre
os montes que me sustentam
e mergulhar de súbito em seus lagos
de águas quentes e transparentes.
Sorvo um gole desse mar.
Almejo um carinho dessas brisas
que me levam em seus braços
e um sopro de luz em minha boca
para que eu volte a respirar.
Em meu ressuscitar,
caminho no contratempo da canção
sentindo suas notas e pausas em mim.
Sou grão de areia,
folha seca,
melaço ao sol
que um dia me encontrou
e para de minha morte me salvar
e me amar,
vento se tornou.