O silêncio das mãos de cinzel
Sei que ainda consigo deixar cair
algumas gotas poéticas
nos solos áridos e inférteis
de meus pergaminhos do tempo...
Mas, aos poucos vou me calando...
Quando o poeta se deixa abater no espírito
pelas injustiças que lhe ferem,
pela crueldade que lhe causa asco,
é muito difícil erguer a mão de cinzel
para pintar alegria e regozijo
como sugere a voz de luz e paz.
Agora vivo, longe de todos,
nos interstícios de horas boas, ruins
e horas extremamente difíceis
(onde a dor bate de frente
na onda hercúlea
e aniquila as forças da alma)...
E... aos poucos vou calando.
Sei que preciso, porque não há alma
que se importe em ouvir tristezas e lágrimas...
Por isso, não perguntam...
Não compreendem a dor de sentir-se
injustiçada e humilhada por suas próprias decisões...
não, não há como compreender o que nunca se viveu...
Sei que ainda tenho conseguido deixar cair
algumas gotas poéticas nos solos áridos e inférteis
de meus pergaminhos do tempo...
Mas, aos poucos vou me calando...
silenciando as mãos de cinzel...
Maria
Enviado por Maria em 11/01/2023