Talvez, talvez, eu não entenda
as angústias e os medos que lhe rondam
porque em mim ainda habitam desertos.
Desses, que vivi na solidão de meus dias,
quando as lágrimas não eram raras, mas as areias doíam nos pés.
Talvez, talvez minhas expectativas sejam muito altas
porque o tempo que passou foi tão longo
que para mim tudo já deveria ter seu lugar.
Mas vejo que, ainda, estou no seu horizonte
e lá estar não significa que os teus pés caminhem naquela direção.
Ainda sinto, que podem o caminho desviar.
Talvez a dor é porque você sempre foi muito amado e sempre soube disso.
E dói saber que até a pouco não se amava.
E que só agora passa a se ver com amor.
Eu me pergunto onde eu estive
que não consegui antes lhe falar do quanto você é amado e valioso.
Eu falava, entregava amor, mas penso
que não foi com as palavras certas.
Ou elas não chegavam até você.
Essa angústia,
essa ansiedade, esse medo
eu também estou sentindo,
porque tenho a percepção
de que eu ainda tenho
de fazer alguma coisa
para provar o meu amor
e eu só tenho palavras
e meu olhar para fazê-lo.
E me faltam as palavras.
E tenho medo que ainda
venha a me faltar forças.
Eu compreendo o seu silêncio, hoje,
porque também quero nele mergulhar.
E já pensei muitas vezes nas horas do dia.
Mas o meu coração, ele não segue as regras do mundo
que se cala em meio às angústias.
Ele está procurando palavras,
mesmo que falem entre lágrimas,
mesmo que se debulhem qual sementes
que o vento leva e se percam no ar, ele quer falar.
Em meus pra dentro só tem amor. E é seu.
Entrego, mais uma vez, meu coração e esse amor, que é teu, vai com ele.