Na boca da noite arma-se o céu para o temporal.
O vento uiva pelos umbrais do telhado,
se enlaça às flores num rodopio.
Falo desses ventos que acometem os quatro cantos da casa,
que resultam em choros, uivos, gemidos.
São violinos que sopram ao longe o curso da tempestade.
Mãos de brisa tocam forte a copa das árvores,
se entrelaçam com os galhos da floresta ao redor.
A noite envolve o mundo numa dança de ventos e réstias de luz
que, adentrando as matas, brilham sim, aqui, lá, acolá,
acariciando as entranhas do nosso mundo
num vai e vem de iluminuras que transcendem o tempo e o espaço.
O momento, ímpar, é um convite
ao deitar-se à relva em flor já orvalhando...
Até que se restabeleça a paz e se faça o sono,
nos braços feitos da Lua nascida na noite só para o amar.
E sopram, ao longe, os violinos,
anunciando os ventos de mais um vendaval...