Gosto dessa quietude do alvorecer
recebendo o badalar dos sinos nos campanários
anunciando uma manhã sem névoas.
Os ais das dores desse badalar
nas mãos que se balançam nas cordas
para a hora de nascer o sol anunciar
são desenhadas na melodia
que atravessa as montanhas
em direção ao infinito de seu calar.
Há um espaço que o som não mais alcança,
mas as ondas que voam pelo ar não deixam de vibrar.
O bater dos sinos e o som que se vai
para além do espaço vivido, para a eternidade,
é como a luz das estrelas
que ainda brilham em nosso céu, mas já morreram.
É assim que se fará a nossa imortalidade.
Nossa alma ressoará sua luz eterna
na poesia que hoje levanta voo.
Abre asas e cores nos versos que a compõem,
construindo nossos jardins de amor,
jardins de nossa existência.
Tecem flores e estrelas,
exalam perfumes e trinados embriagantes,
que nos fazem duas asas num só pássaro
e transformam em amor o nosso poetar.