Sou como esse jardim de ouro.
Tenho paredes e luzes brilhantes
que refulgem minha vida por meio de apenas um olhar.
As paredes são para manter dentro do coração
a semente de amor que ali nasceu,
as luzes são para iluminar meu jardim
para que essas sementes possam ir e vir garlando o vento
em suas semeaduras no tempo do tempo.
Sei que o caos mora nele e para isso também são as luzes,
para o iluminar e não o manter no escondido.
Assim, a árvore nascida não será enganada,
nem se sentirá nascida no jardim errado.
Tenho nas mãos o poder de cuidar desse jardim,
de adubá-lo, ama-lo e dele fazer florir belezas
para que resplandeça alegria e felicidade
aos caminhantes e ao Sol que o aquece e abraça em amor.
Deixei portas e janelas e das chaves as coloquei nas mãos do Sol
para que possa entrar livremente e dele morada de milagre fazer.
No tempo da poda, visto o uniforme de jardineira
e sei que assusto com o corte que eu mesma recebo.
Somos todos flores de um jardim, um dia sementes, noutro flores,
noutro voltamos ao início, ao princípio do viver
no silêncio das brotaduras, no silêncio das sementes...
É o nosso navegar no tempo e no espaço da eternidade da vida...