Quantos de nós, cosmopolitas de ser,
andamos em caminhos duvidosos,
muito duvidosos pelas ruas e vielas do tempo?
Quem já não foi dono de quatro flores
sedentas de amor, carinho e joias de enfeitar?
Que jogue a primeira folha de lantejoula quem ainda não se perdeu
nas dunas de Afrodite ou não foi ferido
por um espinho de uma rosa ou um cactus do dito amor.
O jeito é fazer roçado de fazenda pra arregimentar
mãos de trigo e pão ou vender palitos e remexer colheres
nas terras da Dona Mariazinha e do Seu Bastião!
Isso é porque o tal do Bastião não tem jeito.
Vive enrolado numa saia ou lantejoula por aí.
Diz que vive sozinho, até sem carro, "ando a pé", me diz.
Mentira! Tem até carro do ano e finge que não consegue
nem mais ir na padaria comprar o pão para o café da manhã tomar.
Que nada!
Enquanto Mariazinha acredita nas lorotas do Bastião
ele só quer saber de na rua zoar.
Anda com quatro mulheres e nem fica vermelho em admitir.
Diz que são mulheres de amor, carinho,
mas reconhece que querem joias e
não vivem sem um tostão do Bastião.
Ah! O moço ainda fica triste que perdeu as madames.
Contou que se achava dono das quatro,
mas descobriu-se ele adonado por elas
que lhe mandavam
e ainda lhe davam um montão de carinho,
mas transformaram a vida do Bastião
num inferno de dívidas e prestações.
Perdeu a fortuna o coitado.
Ficou pobre, desamparado.
Foi atrás do amor das Afrodites
e caiu nas dunas de um golpe fenomenal.
Perdeu as mulheres, as lantejoulas
e as saias voaram pra outros colos.
Ficou pobre e sozinho o Bastião.
Mas o homem é esperto.
Sem um tostão rumou pra Vila dos Vinténs
ao encontro da Mariazinha,
a mulher que faz o pão na padaria
em que toma o café o Bastião.
Pra lá ganhar um pedacinho de pão
e marmita na bodega do Seu Rui,
Bastião faz roçado de fazenda
e ainda rinha com a mulher dizendo:
agora sou peão de roçado, e ainda sofro sem carinho,
sem beijo, sem saia ou abraço apertado,
mas sou feliz porque vendo meus palitos,
remexo as colheres da Mariazinha e cosmopolita já fui!