Também vou depressa antes que a carroça do tempo me pegue
e me leve para os confins de um mundo que não tem mais volta.
Antes que me leve para longe da luz que me ouso sonhar.
Mas vou de passo lento e fundo a espera do vento que me apegue
porque ele traz notícias e o sopro do calor do Sol sobre minha pele
esbranquiçada de poeiras milenares de um guardado do tempo.
Também vivo a criança que sou, de pernas curtas - viradas pra luz, o ar -
com passos em busca da encruzilhada bifurcada do caminho
em que nossas trilhas se juntam e seguem
nova jornada em direção ao céu de nós dois.
Todos os dias lá te espero com os olhos atentos
e a boca aguardando os lampejos de luzes e calor
que me entregam teu coração e o imenso amor
com que me ensinaste a amar e que me tirou do caminho da morte
e semeou em mim o desejo intenso e a ânsia eterna, a gana de viver.