Somos flores a carregar espinhos e pétalas
que são herança de nossos antepassados.
Mas, muitas vezes, também carregamos
as dores e as feridas causadas por aqueles
que, delas, deviam nos proteger.
Daqueles que deveriam nos acalentar de nossos machucados,
nos alentar de nossos dissabores e tristezas interiores,
comuns à vida e ao cotidiano do dia
de tantas crianças, adolescentes e adultos feridos.
Quantas mulheres e quantos homens
viram crianças
e como crianças, plainam de dor
pelos espinhos da mãe, do pai.
E a dor é fenomenal.
Consome, corrói, destrói.
Viver com a dor, sobreviver a ela
é difícil, muito difícil.
Por outro lado a dor também pode ser
- como forma de sobrevivência,
de não morte -
o impulso para viver.
Principalmente, se encontrarmos alento,
acalanto, acolhimento nos braços do amor.
O amor promove a cura.
Não apaga a memória,
não apaga a dor,
mas nos ajuda a seguir a vida
e sobreviver ao sofrimento.
E nos dá um motivo para viver,
para desejar a vida e buscar a felicidade.
É com o amor que também aprendemos
a amar e a ser amados.
É possível! É possível!,
me disse o Sol
no outono de meus dias.