Maria
Prosa e Poesia
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Eu, hoje, eu o vi,

pulando pra lá,

andando de lado,

carregado pelo vento,

abraçado a um ramalhete

de mais de dez flores,

todas perfeitas de ser,

belas e coloridas flores latônias. 

 

Esperto, inteligente,

ouviu do povo as perguntas

e respondeu que foram flores

as únicas lembranças que recebeu

da sua excêntrica e rara passagem pela Terra. 

 

E o Sol caminha o universo de luzes,

viaja todo o dia, sem parcerias,

cheio de esquinas e mãos que colhem

duas vezes no mesmo jardim

em que sua vida floresce. 

 

Vive dentro e fora de si.

Dentro se esconde na noite da lua,

fora chama o povo pelo nome

e não se atreve a escrever,

quanto mais sussurrar, o nome da vida.

 

É nela

e por ela que vive,

mas não ousa dizer...

 

Enquanto isso, atiço,

vê o mundo como ele é.

Como o percebe. 

 

E são elas, borrifando inocência,

que se atiram em seu colo...

Por isso, do chão as colhe

e carrega em seus braços feitos.

Também aquelas, cativantes,

que buscam outros astros

e vivem a dois,

a solidão das flores

que jamais conheceram o Sol. 

 

Eu?

 

Estou olhando

e me perguntando:

ainda existem flores

que não conhecem o Sol?

 

Como pode uma flor,

tendo o visto,

não o conhecer

e sobreviver sem sua Luz? 

Maria
Enviado por Maria em 09/02/2023
Alterado em 09/02/2023
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