Eu, hoje, eu o vi,
pulando pra lá,
andando de lado,
carregado pelo vento,
abraçado a um ramalhete
de mais de dez flores,
todas perfeitas de ser,
belas e coloridas flores latônias.
Esperto, inteligente,
ouviu do povo as perguntas
e respondeu que foram flores
as únicas lembranças que recebeu
da sua excêntrica e rara passagem pela Terra.
E o Sol caminha o universo de luzes,
viaja todo o dia, sem parcerias,
cheio de esquinas e mãos que colhem
duas vezes no mesmo jardim
em que sua vida floresce.
Vive dentro e fora de si.
Dentro se esconde na noite da lua,
fora chama o povo pelo nome
e não se atreve a escrever,
quanto mais sussurrar, o nome da vida.
É nela
e por ela que vive,
mas não ousa dizer...
Enquanto isso, atiço,
vê o mundo como ele é.
Como o percebe.
E são elas, borrifando inocência,
que se atiram em seu colo...
Por isso, do chão as colhe
e carrega em seus braços feitos.
Também aquelas, cativantes,
que buscam outros astros
e vivem a dois,
a solidão das flores
que jamais conheceram o Sol.
Eu?
Estou olhando
e me perguntando:
ainda existem flores
que não conhecem o Sol?
Como pode uma flor,
tendo o visto,
não o conhecer
e sobreviver sem sua Luz?