Se te encontras perto
da Casa Própria Cheio de Solidão,
é lá que também estou,
abraçando-te com meu Sozinho,
com meu coração iluminado de paixão.
É lá que te encontro,
onde mora teu desespero por amar,
tua ânsia por meus braços ternurados
de flâmulas de fogo
e pedra de riscar e faiscar.
É lá que me alcanças,
nesse comodato de amor e paz
que me passas
com tuas cores
de fazer felicidades
e nas nuvens criar um lar!
E é quando me surpreendes
em teus passos repentinos,
com o som das trombetas de mil sóis,
quando caminhas lépido, em goles rápidos,
ou serena e docemente,
sentindo o sabor das especiarias
pelo dorso da terra,
encharcando os vinhedos,
criando águas de rios latejantes e lépidos.
E mesmo que sentes o que falta
para começar a acabar,
o amor renasce quem está morto
como renasceu em mim a fome de luz,
de fogos de artifício
soprando luzes em meu céu de amar.
E se danço meus dedos de piano
na terra dos caracóis
se passo e me sentes e, me sentindo,
me abraças untado de mel e sóis,
vou e me segues,
na terra só tua, onde rodopiam,
alaranjados de sonhos,
iluminados de amor, lindos girassóis!
E se me dizes que não importa o caminho,
se curto ou carregado de fósforos ou pavios,
se adornado por mil fogos no arrebol,
ou tênues luzes alentejas de Natal
se premente de lança-chamas
no vale do amor sem sol.
Se vens atrás, eu vou,
sigo pelas trilhas de Azamor
que acendem labaredas em nossos sonhos
azeitados de infinito amor!