Maria
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Textos
Dialogando com a própria alma
E na quietude e solidão do avançado da noite os pensamentos vagam universos de reflexões. Sei que aqui ninguém tem acesso às minhas palavras, alma alguma passa perto deste lagar de reflexão...

E sei que preciso elaborar, organizar, equilibrar o interior por meio da palavra no papel como sempre foi... É uma conversa comigo mesma, com meu próprio interior. Sigo, aconselhando a própria alma...

Faço, um pequeno desabafo do que sinto, do que vivi, do caos que surgiu e fez morada em mim – e é uma forma de organizar esse caos, de fazê-lo desaparecer... Talvez (e digo talvez por não saber ao certo como fiz isso), eu tenha criado expectativas altas demais para mim.

O que vivi não tinha só a ver com um passeio pela vida, um estar junto com alguém ou uma entrevista com um rei... O que vivi tinha a ver com o que tenho de mais profundo em mim, o cerne da minha vida, minha busca espiritual. E quando se toca do espiritual de uma pessoa trata-se do que ela tem de mais profundo, de mais significativo, de mais importante e precioso em sua vida.

E dentro desse meu voo atrás do espiritual eu criei expectativas altas demais para mim. Esperava há tanto tempo com o sonho na mão... Vivi a angústia do medo por entender que estar em sonhos com alguém que já partiu dessa vida me trazia o significado de que logo estaria com ela também nessa além-vida – ao descobrir que o espírito absoluto vive, vivi eu outra vez...

Senti a vergonha de não poder dizer da completude sonhada porque parecia impossível de acontecer e impossível de alguém poder entender...e mesmo, passível de forçar a possível realização... Mas, então parecia que tudo iria, mesmo sem que se soubesse, de fato, se realizar. Era a certeza absoluta que eu tinha. E eu criei expectativas altas demais para mim. Mergulhei na felicidade delas e em momento algum considerei que pudessem se frustrar...  

No entanto... subi muito alto e foi de lá, de cima do alto pedestal de expectativas que eu mesma me fiz, que caí... Se fiquei triste? Sim. Se fiquei decepcionada? Sim. Se não esperava o resultado colhido? Não, não esperava... jamais pensei na possibilidade... até porque mantive a esperança até mesmo quando já não havia mais necessidade de tê-la, visto o planejado já não ser mais possível de acontecer.

Aprendi muito com tudo isso. Que sonhos, são sonhos, realidade é realidade e um nem sempre caminha na direção do outro. Mas, isso eu já sabia... ou deveria saber.

Sobre o tempo das coisas, deste aprendizado tenho também que o trem deste tempo passou... e que talvez nunca mais haja um espaço no tempo capaz de juntar num só lugar as faces deste sonho (um mestre, o mestre dos mestres e uma pretensa aprendiz), de desvelar os dois seres feitos numa palavra escrita, de referir o universo de significâncias e sentidos de um sonho que me foi dado quando o tempo virava suas horas na noite longínqua, de entender como fui parar num espaço/lugar de montanhas de picos nevados, longe de tudo, do mundo para aprender aos pés de um mestre dos mestres, de alguém que só há bem pouco tempo ouvia falar...

Disso eu sei, e guardo as nuances desse sonho no profundo da alma, porque só lá, só lá, como tesouro querido, ele pode sobreviver... só lá ele ficará guardado para todo o sempre, para o acolher de um coração que, senão encerrou suas buscas, precisa deste tempo que agora vive para o silenciar, para o meditar, para o erguer-se dos resultados delas.

Também sei e disso sou grata... e me abraça a felicidade saber que tenho valor, que sou importante, querida. Que alguém de fato me ouviu, se importou, acreditou no meu sonho e buscou, lutou para realizá-lo.

O caminho da busca não é solitário, disso tenho certeza e disso sou feliz. E este sentimento de felicidade nunca será perdido, porque é a certeza mais plena desta vivência, que ela de fato ocorreu... É um presente pra vida, saber-se pessoa de valor para outrem... é a plenitude da felicidade e disso sou feliz...

E na noite que descerra seu pano, o que fica é isso, a felicidade de saber-se especial, importante e querida e o sonho, a minha palavra escrita, que ficará para sempre guardada nas profundezas e preciosidades do peito, junto a um coração de puro amor, de um espírito em busca de luz e paz para viver...
Maria
Enviado por Maria em 28/02/2023
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