Maria
Prosa e Poesia
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De Nada Sei

Sou a tua dúvida e a minha pergunta!

O orvalho que surge dentro da névoa

e não vê o homem comprando o pão,

o jornal caindo na frente da porta

ou exposto nas bancas por onde passa o Sol.

 

Que sei eu das propinas dos políticos

e sobre quem toma pinga com limão?

 

Nada sei.

De nada sei!

Nada!

 

E não conheço os supremos

que morrem por excesso de verbas.

Não fiz essa descoberta

de que um minuto se vai e outro já vem.

 

Nem inventei o círculo

que desenham os ponteiros do relógio

amarrando o tempo num mesmo lugar.

Olho pra ele e só o vejo passar.

Dias e dias inteiros passando

e eu no mesmo lugar - olhando o tempo passar.

 

Neste ínterim, envelheci.

Já não sou mais a mesma.

Cada dia uma escama cai

e outra se tapa de pó.

É a massa corrida da vida

que cobre o passar do tempo

e faz o falso chegar.

 

É mentira que o dia tem 24 horas.

O meu já dura 17 milhões.

E tem 55 ponteiros

apontando todos para o meu final

que pode ser hoje, às zero hora antes das 24.

 

E sirvam que sirvam o que o povo quer beber.

Pois diz o rei que numa hora amamos

e, na outra, desaba tudo no desamor.

Se é assim, tanto faz se um vive na zero hora

e outro padece nas próximas 24.

 

Eu?

De nada sei.

Só! Grito e digo

que de nada sei!

 

Sou, que sou zero hora!

Nem 24 horas eu posso Ser,

só, padecer!

 

Sou a tua dúvida e a minha pergunta!

O orvalho que surge dentro da névoa.

Maria
Enviado por Maria em 04/03/2023
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