Maria
Prosa e Poesia
Capa Textos Fotos Livro de Visitas Contato
Textos

Olha! Espia!

Estou olhando!

Veja a minha solidão

de lugar nenhum.

 

Temores que se espalham,

que fazem devaneios

de um verso que chega devagarinho,

batendo asas, qual flor colibri...

ave guardada no pardo envelope do tempo.

 

Sinta! 

 

Relembre o cheiro amadeirado

de meus abraços, 

a força de um sentimento

que já beijou seu ombro e hoje ficou só...

perdido nos lábios molhados de sal e espumas,

coincidências sob os pés de mar e barco...

 

E segue a minha canoa,

no lento deslizar do crepúsculo

da lua refletida nas águas..

 

Num Mar da vida,

onde tudo podia ser azul,

ou verde de meus olhos,

esperança que fosse...

podia ser...

 

Se assim fosse,

se tudo fosse azul,

eu já seria parte de você...

 

No entanto, habito linhas em branco,

na história que ninguém escreveu,

ninguém viu, nem, nada, ouço falar.

 

Ouço a mudez do Mar!

Mergulho em seu silêncio...

som que me foge

a cada aproximar...

 

Solto o cabo de minha nau,

tomo os remos nas mãos

e singro minha solidão

em busca de lugar nenhum...

relembro os tapinhas nas costas

e as fugas pelas portas e escadas

das ondas e marés milenares da vida.

 

Sigo, silente e só,

respirando o riscado do tempo,

a palha e o cobertor -

o abraço que tenho...

 

suspiro... respiro...

as linhas em branco

aguardando o desenho

do momento final.

Atiço remos e velas

para o solitário navegar.

 

Ah! Espumas ao vento!

Marinheiro de sonhos,

imerso em porto sem cais,

voos de pedras e ilusões...

Maria
Enviado por Maria em 05/03/2023
Comentários