Maria
Prosa e Poesia
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Textos

 

Meu silêncio é marcado por desertos,

oásis sem flores e cardos de ventanias...

Desfolhei-me em areias e cantei a dor de Bach

em cada entrelinha não dita...

Não creio ser uma despedida

o verso avesso e reverso de saudades...

 

Ah! que lembranças antigas a mente me traz...

de um tempo outro, de um pensamento que deixo ir...

sozinho e calado, um pensamento... esse, ingênuo e puro...

marcado pelo silêncio de um vento que não me procurou,

de um tempo que o meu olhar desfolhou

em areias que, agora, cantam a dor do poeta em mim...

 

E o vento não me visitou, não me olhou,

não acolheu minhas areias,

não tocou a minha mão,

nem me vestiu de água e pão...

 

E passa o tempo...

E o tempo é voraz

por isso, a  pedra que sou não canta mais...

não, não tem mais jeito, não canta mais...

 

Cala-se a flor enquanto dedilha

cantigas de estrela, areias perdidas, vento e vela...

 

É!!!

 

Em que ventos fui carregada?

Em que verso me perdi?

Em que letra me entreguei?

A alma, o corpo, o céu de capela?

 

Sou flor assim: digo o que penso

e não me lembro de amar menos o meu girassol!

Mas, o vento... o vento ruindo como rio...

o vento, esse pássaro poeta, não me visitou...

 

Mas, sou fluida e etérea,

silenciosa e tênue

como o vento que se abandona ao mar...

que não me visita e não me deixa visitar.

 

Então choro na solidão de meus voos

quando sinto que te demoras,

ou já não me alcanças na essência de meus abismos,

nas planícies e montanhas de minhas marés de angústias,

na maresia de minhas colheitas,

insatisfeitas de terras e águas...

 

Sabes que só fico em paz ao teu redor,

na claridade de tua alma,

no toque suave de tuas energias,

no roldão de luz que emana de tua presença

e me carrega num redemoinho de infinitos,

num caleidoscópio de cor, luz, vento e asas...

 

Maria
Enviado por Maria em 05/03/2023
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