Eu não sei o que se passa em teu coração.
Talvez você queira ficar só.
Fica, só,
comigo.
Fica.
Faz a escuta desse coração que sonhou um beijo
neste abrir de olhos e um abraço
num encontro no espaço da vida.
Também respiro solitude
e começo achar que é o destino
e que, mais uma vez, eu preciso aprender
a viver em solidão...
Bom seria...
Fosse possível voar para Plutão
e acoplar minha nave nos caminhos
que inexistem em suas crateras esfumaçadas de névoas.
Eu seria uma astronauta do amor -
jogaria pétalas apaixonadas de vida pelo caminho
e mira para deslumbrar os olhos dos navegantes do espaço
e depois me quedaria, aquietada e querida,
nos braços da nuvem daquele planeta
e adormeceria meu infinito de amor.
E, um dia, passados milhões e milhões de anos,
um coração de amor olharia aquela menina
de olhos anil violáceos e diria:
- quanto tempo adormecestes
sem que eu te percebesse
a tua tristeza e a tua dor?
Talvez ele se apiedasse das minhas franjas
e com a ponta dos longos dedos tocaria o meu cabelo
numa carícia que me faria sentir amada.
Ou, quem sabe - e nem sonho mais -
inclinasse sua cabeça em minha direção
e colaria um leve e aternurado selo do coração
sobre os meus lábios.
Seria a senha para a vida -
para o despertar intransigente de uma flor-menina
que lutou desesperadamente
para sobreviver as estações do tempo.
Mas, hoje é Natal. É Natal e um arco-íris de luz
pode nascer entre os ventos,
o aguaceiro da tempestade
e as tênues luzes do sol.
Que seja de 7 cores - como as canetas sobre a mesa
e te entregue sempre o chá do dia
para o beber da alma, do corpo e do espírito.
A completude do amor nos dá a vida
enquanto morremos, segundo após segundo.
Olho o mundo ao meu redor.
É onde estou. Ouvindo o barulho
da máquina do tempo que resplande um som
das teclas caladas de minha voz.
Um estralar que me diz
que algo não está em seu lugar.
Mas eu estou.
De frente para você em teu dia de luz.
Ou, talvez, nem estejas lá.
Mas finjo que estás.
E te falo com o desejo profundo
de levantar da cadeira,
pegar meu chapéu e voar.
Ser como o vento que leva
o aroma do abraço e do amor
para todas as direções.
Mas... não tenho as asas do vento.
Nem conheço as luzes da alvorada
que acenderam mais uma volta
de tuas terras ao redor do sol.
Pequena e miúda vivo
nos subsolos de mim mesma
e nem me conheço mais...