Não conheço as intempéries da vida,
nem ouço as ordens que o mundo dá.
Vivo no mundo paralelo,
obscura e sozinha vago
pelos cantos desconhecidos do povo.
Caminho ao contrário da vida.
Eu subo, ela desce, eu desço, ela sobe.
Eu chego, ela vai, eu vou, ela volta.
É um caleidoscópio de idas e vindas,
fins e inícios que nunca chegam ao fim.
As coisas não são azuis.
O mundo não é.
Nem nas prateleiras da vida
encontramos mais essa cor.
A última xícara vendida?
Era azul.
O último dos guerreiros?
Vivia num mundo azul.
A última flor amada? Azul.
A última janela? Sempre é azul.
Se tudo fosse azul
já aconteceu.
É.
Mas nada mudou,
nem vai mudar.
O mundo continua
girando terra e lírios rosas.
E a rosa adorada
é a única que se cala
num mundo que
era para ser azul.
Não é. Tem 7 cores,
7 anos, 7 laços, 7 amores, 7...
E pasme: faltam 7 minutos
para a Poeta também se calar.
Deu conta de suas 7 palavras.
É um precipício sem fim de letras
que se misturam e não fazem poesia.
Meros fogos que implodiram a alma
em 7 milhões de pedacinhos.
E a vida segue:
já se passaram 7 tempos.
Jazem 10, cravados
no porta-vidas sobre a mesa.
Não há mais tempo,
nem um sequer.
Não vestem azul.