Talvez, talvez, eu esteja mesmo adormecida.
Estacionada no tempo sem que saiba.
Parei o relógio dos dias lá no início.
Não vi que as coisas mudaram,
o mundo tem outras nuances,
novas matizes que o fazem perfeito.
Se ele roda, gigante, por sobre os escombros
e cria uma nova estrela a cada uma que parte
como posso saber que o sol que vejo
é o sol que conheci há tanto tempo atrás?
Seria o raio que me aquece
o mesmo que me banhou
ao primeiro abrir de olhos?
Como saber se não vivo no céu?
Se mal consigo ao topo da escada chegar?
Tento ler o futuro, descobrir o beijo não dado,
a voz ruivosa de flores e encantos,
a meiguice que senti
ao despetalar-me para o mundo,
a ternura, a brandura das manhãs
com cheiro de chuva em meus olhos
lamacentos de histórias...