Maria
Prosa e Poesia
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Textos

Quando me faltam palavras recorro às memórias do tempo,

aos baús de relíquias que guardam a ancestralidade do poema,

a verve antiga e pura que nasceu no escondidinho

do silêncio absurdo e feito eterno.

 

E os olhos nem podem falar do instante,

pois não recordam mais as estrelas longínquas tremeluzindo,

parecendo milhões de olhos espreitando a terra na penumbra.

A lua flutuando generosa entre nuvens de gaze.

Abrindo-se para as cheias de suas marés,

como fosse as águas do mar desaguando

na praia sonhos que vão e voltam ao sabor das ondas -

lambendo areias onde pés de meninos

brincavam de escrever projetos de céu.

 

São quentes as marés do dia,

são frias as horas escondidas no território da alma.

Descarrilham emoções

- como areias perdidas por entre os dedos -

mas não se fazem desenhar nas linhas em branco.

 

É que o tempo de saudades continua em relevo

e o olhar que contempla a paineira em flor -

pela vidraça translúcida e distante - não vê o coração

que se esconde - trêmulo de amor - num castelo de sozinhos.

 

Há um limite traçado ao redor

e, muito embora, as fronteiras

permitam o toque longínquo de lábios e mãos,

não proporcionam, aos olhos, a visão.

Maria
Enviado por Maria em 11/03/2023
Alterado em 11/03/2023
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