Tenho estado tão calada.
Falo, mas a alma envolta em traves e fechaduras
se acolhe e repete o silêncio que ouve.
É um eco do espelho.
A imagem que, refletida, transmuta-se em outra
que navega em direção à sua própria procedência e ser.
Seria como um caminho, de idas e vindas,
uma escada de subir e ao mesmo tempo descer.
Uma porta que abre para entrar
e ao mesmo tempo sair...
Como pode que quem quis ir peça que lhe toquem a pele?
Como tocar o que está longe, o que se foi?
Eu li as frases na parede me dizendo pra recobrar
o que já estava sendo esquecido.
O amor que um dia foi eterno...
Não o é mais?
Perguntas não calam.
Ou, calam fundo na voz muda e articulada
que se debruça a dialogar com o silêncio.
Fico no abraço que beija o ombro
no cruzar do batente da porta
que se abre para dentro - só para entrar.
Pra sair... não abre mais...