Agora eu queria ser essa música.
Queria ser as mãos que conduzem o instrumento
que faz vibrar as cordas esticadas sobre o abismo.
E os violinos se dobram à força do ritmo
que exala poesia nas mãos que o tocam.
Queria tocar o teu corpo assim:
provocar um som, uma melodia que saísse de teus lábios,
que emitisse o que você sente,
quando minhas mãos percorrem tuas vielas interiores.
Minhas mãos ainda te alcançam?
E conseguem fazer com que tua voz fique rouca?,
Com que tua pele arda e teu corpo todo se arrepie,
eletrificado pela energia que flui de cada corda tocada,
cada nota timbrada e desenhada em ti?
Como eu queria, agora, ouvir tua voz enrouquecida
sussurrando palavras de amor e paixão.
Teu corpo se contorcendo ao ritmo da música,
indo e vindo numa dança de luzes
que nos une em um
e faz nosso amor viver
na felicidade de ser e estar um no outro.
Estás em mim.
Moras em meu corpo.
É teu lar, tua morada de milagre.
O milagre que nos colocou num mesmo jardim,
numa mesma rua,
embrulhados pelo mesmo caos
que fez nascer o início desta melodia de vida
e escrever a partitura de encantos
que faz nossa eternidade de amor.