O milagre sou eu.
Que sobrevivi o amor,
mesmo todas as adversidades
que a vida me impôs.
O milagre da descoberta de amar
e continuar amando em meio à dor
dos silêncios que iam e vinham,
as desconexões e reconexões,
aos ativos e desativos.
O milagre do amor sobreviveu,
em meio à todas as improbabilidades.
E o milagre sou eu.
- "Você é meu pequeno milagre",
me disse um dia o sol,
vestido de seus raios de plenitude.
Hoje, nem sua luz acredita mais
no milagre que sou.
E sua verve anuncia ao mundo a sua descrença.
"São as coisas que perdemos pelo caminho",
informa sua mensagem na parede da caverna:
bolas de gude, papéis, rascunhos, cartas,
lantejoulas de marfim, áureas flores
e o milagre que sou eu...
Tudo esvoaçado ao esquecimento.
Por isso, não carrego relógios,
não me guio por calendários,
nem olho o tempo do tempo passar.
Vivo no tempo alheio do meu.
Caminho na ancestralidade das horas.
É lá que me acho,
lá que encontro a luz do amanhecer,
as 17 horas de um jardim
e as 58 horas de um milagre que existe
e que a mim se revela todos os dias
na melodia que o vento traz
em carícias ao meu coração...
Coração, esse, que ainda acredita
no milagre do amor,
sonha e vive nele e com ele !