De fato amar é construir um mundo novo
a partir de novas perspectivas.
É sair do lugar de conforto que a tudo vê de um mesmo jeito
e transformar o olhar sobre o mundo e as coisas do mundo
que nunca mais serão vistas da mesma maneira.
O amor nos faz ver as especificidades,
a singularidade da vida
e nos mostra que tudo é tão simples
e tão complexo ao mesmo tempo.
E se antes tínhamos um conceito para tudo,
agora o amor nos mostra que não existem conceitos
capazes de expressar a vida e o mundo,
que dirá expressar o amor.
Porque ele, o amor, se expressa
em algo que nunca antes consideramos.
Se expressa no que sempre refutamos
como verdade:
a razão dos sentidos -
a existência do sentimento.
E descobrir sentimentos é difícil.
Pode ser dolorido também.
E é quando dói que descobrimos a verdadeira essência do amor:
a desconstrução de tudo que até então conhecíamos sobre o amor.
Assim, inicia-se o processo de construção do amar.
Não do amor, mas do amar.
Porque ao descobrirmos o amor, ele já é, já está.
E não se ama mais ou menos, apenas se ama.
Mas amar exige aprendizado:
sobre mim, sobre o outro,
sobre sermos um,
quando compartilhamos nosso amor.
Como é difícil, como é complexo entender isso.
Que a partir do momento
em que compartilhamos nosso amor
com quem amamos,
ele adquire o status de completude.
E muda de lugar,
de corpo, de mente,
de coração.
E aprender a viver no coração do outro é complexo.
É viver num mundo totalmente diverso do nosso,
é viver num mundo diferente
daquele a que estávamos acostumados.
Novos paradigmas se fazem construir em nossa vida,
passamos a ver a vida pelo outro lado - o de dentro.
Passamos a sentir o mundo pelo avesso,
pelo lado de trás do bordado
que antes víamos e conhecíamos.
Vemos os pontos de ligação, de conexão,
percebemos os elos ancestrais
que nos ligam e conectam à pessoa amada,
entendemos ações e atitudes que tínhamos
e não sabíamos ou entendíamos do por quê...
Compreendemos as mudanças
que se desenham em nossa vida
sem que ao menos queiramos
e aquelas que queremos e nos esforçamos para fazer
para que a vivência do amor seja leve,
seja bela, seja plena, seja completa.
É quando viramos o bordado da vida
e olhamos novamente o desenho pelo lado de fora.
E entendemos que cada fio que perpassa a linha sobre o tecido
formando o lindo desenho do amor,
carrega, em seu âmago, uma imensidade de nós, amarras,
conexões e ligações inimagináveis
a partir de um olhar que ainda não sabe o que é
e que nunca, ainda, sentiu, o verdadeiro amor.