E ficam lembranças de um tempo
que passou e não volta mais.
Lembranças que se calarão para sempre,
pois que ninguém mais vai ver,
ninguém mais vai adentrar
as veredas de suas verdades e segredos.
As minhas tens bem guardadas
em tua vida de mensageiro do tempo.
A rouquidão da alma,
a afonia dos pés e a falta de movimento do corpo
vão acrescendo do cansaço do tempo, da vida.
Aos poucos o que era uma expectativa
tão grande há 170 anos de sonhos
vai se calando no sobrado das horas.
Os sonhos vão amainando e adormecendo.
E vamos nos acostumando ao que temos hoje,
nos conformando como já havíamos
nos conformado no passado pelo que tínhamos:
eu - a poesia para falar o que não podia dizer,
ou que não era ouvido.
A vida segue porque ela não ouve clamores
para que se encerre antes de chegar um sofrimento maior.
Vivemos nossa história como se tivéssemos todo o tempo
e as horas do mundo em nossas mãos.
Mas se o amanhã chegar para um de nós,
vamos chorar dores amargas e imensuráveis
pelo que não lutamos,
pelo que desistimos,
pelo que não foi.