Maria
Prosa e Poesia
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Textos

Também não quero me deixar ser tomada e movida pelo espírito do tempo.

Quero escrever minha própria história - a luta por um amor

que sobreviveu aos tempos e universos.

 

Busco sedimentar meus sonhos em raios de amor e brandura

de um sol que ilumina meu ser e dá essência ao meu viver.

 

Não desejo viver na superficialidade do sentir,

busco mergulhos profundos, diálogos filosóficos e intensos -

na premência da paixão e do encantamento

que conecta minha alma à tua, ancestralmente.

 

Nunca vivi e não busco viver

o tempo de amores entrecortados,

encontros que se desandam em ilusões e mesquinharias

que só alimentam o ego

e o desejo de aparentar o que não se é.

Quero a antítese do frenesi

e da diversão do amor do momento,

da animação sem alma, da administração de horas de amar,

amores acelerados, agitados e que se dispersam

assim que o bumbo do tempo anuncia o momento de partir.

Quero para sempre, infinitamente, ficar.

 

Quero a embriaguez de levantar voo,

a beleza de voar com as mesmas asas,

a plenitude de olhar com quem se ama

a estrela que se eleva no horizonte

- azulado - de um entardecer.

 

Espero a carta inesperada, milagrosa, a mensagem*

a epístola do amor relevada na exuberância de um sentimento

que não seja outro que não o amor,

o amor pleno, maduro, verdadeiro.

Amor que, nós sabemos,

nos completa e nos permite reter o que nos ascende,

decifrar o indecifrável, ouvir mutuamente nossos solilóquios,

que nos permite cultivar nossas sementes de luz, amor e paixão,

decantar o essencial à vida - que já o sabemos,

emergir nossas verdades - aquelas que caminham só profundezas -

e o que nos mentimos - e nos afastou do sonho.

 

Anseio que saiamos completamente do sono, 

que lutemos pelo amor - mesmo como um tímido sol 

que esconde o calor,

mas que abriga o imensurável, o inusitado,

o extraordinário de um sentimento

que poucos no mundo conhecem:

as profundezas da vivência

do que nos faz entender quem somos:

o verdadeiro amor!

 

 

 

*"desde a infância espero, desejo,

a carta inesperada, milagrosa, a mensagem"

(Edgar Morin, 2003).

Maria
Enviado por Maria em 18/03/2023
Alterado em 18/03/2023
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