Quando viste minha face refletida nas águas
e me deste as chaves de todos os teus portais
minha voz gritou do meu silêncio,
emergiu dos subterrâneos e subsolos da vida
para se deixar abraçar por seu halo luminoso
e sentir o calor de seus braços iluminados de sol.
Eu caminhava na ponte da vida,
envolvida em brumas e nuvens de gaze.
Enxergava apenas a ponta mais alta
da montanha abraçada pela névoa.
Era para lá que queria ir,
desejando que,
mesmo aos 70 anos de sonho
ela se desenrolasse da dor.
Ouvia o mugido das águas
e das cachoeiras escondidas
no interior das matas e pedras,
o som das sirenes das ondas
que se debatiam nos pilares sob meus pés.
Não via de onde vinha o calor que me acalentava,
aquecia alma, corpo e coração.
Mas sentia!
E desejava que minhas palavras
também pudessem ser sentidas.
Escutava a voz do sol
no espelho das águas:
Eu sinto!
Imaginava ser ele,
o Sol a tocar-me a pele
e derramar
o mantra da vida
em meu corpo.
Minha alma também chorou a tua presença.
A alegria de ter te reencontrado
na pilastra da porta daquela montanha,
daquele caos interior,
daquele jardim de amor.
O júbilo de poder tocar tuas asas
e ver onde tu as guardavas
quando o mundo não ousava sequer percebê-las.
Quantas vezes tuas penas
me tocaram a face molhada
e me secaram enquanto
eu escorria pela tua e a minha face.
Foi nesse voo para teus braços
que compreendi o sentido de
Eu sonho!.
Descobrir sentimentos também dói -
teus lábios segredaram ao meu coração
que já balançava entre tuas asas
nas descobertas de uma manhã de plátanos.
E a voz do silêncio falou, falou demais.
E, continua rasgando o tempo
por meio das cordas de um violino em dor.
O teclar de teus dedos sobre o piano de minha vida
é que faz a canção de minha alma exalar a poesia em amor.
Quantas cartas já te disseram
como eu queria ser uma fada
pra tocar tua alma com um sopro de luz
e reviver em ti a alegria,
a festa de criança, a vontade de criar
e fazer magia com palavras.
Queria ter esse poder,
de te fazer homem pássaro,
cinzel à mãos, violino ecoando
da parte mais alta de teus montes
para o meu coração extasiado,
inebriado de amor.
Te sei minha palavra escrita na palma da mão
e ela a ti entrego, porque me é claro
que é tua vida, teu destino, teu caminho.
E desejo que nunca te esqueças
que és o detentor dessa missão...
É teu dom, tua ligação com o etéreo
- como mago do amor e da vida -
com duendes do amor e da paixão.
É teu amor, tua sina, tecer música,
tocar melodias
não calar o baile da vida!
Nunca pare de escrever a tua poesia José!
Continues sempre
a dançar com as palavras!
Dedicado à