Adieu...
Era essa a música que tocava,
quando eu - definitivamente - parti.
Um sopro que se apagou e eu estava sozinha,
não houve uma última nova canção, um último beijo,
só um adeus, uma despedida longínqua
e nenhuma bagagem na mão.
Até a morte eu também nunca soube o quanto era querida
- não sabia porque sentia grima em ti -
e a distância que criei foi para me manter perto, presente
- embora por duas voltas da terra ao redor do sol, disso, eu quase desisti -.
Eu sabia que não era perfeita, que só vias meus defeitos
e que eu precisava ser moldada ao seu jeito - o que nunca consegui.
Como um fichário que organiza as folhas dentro de si
- eu precisava me orientar -
porque era eu o caos que encontrei embrulhando você.
Eu me vi no lixo dos latões,
nas pedras gastas e quebradas dos paralelepípedos,
na falta de cores das vestimentas do mundo ao meu redor,
na dor dos combalidos que de mim se aproximavam,
no insosso do meu corpo e de minha própria voz.
Era o que fazia a minha mudez,
o que me tornava arrisca e selvagem -
retraída e presa em minha eterna imperfeição.
Era eu a melodia do Tempo.
Era eu o Adieu -
a despedida dita em várias línguas para você.
Era eu a história ao contrário
e o corpo se transformando na areia da ampulheta
- e escorrendo por entre os dedos -
na areia da ampulheta que pulsava à luz do sol,
sobre a rocha entre o mar, a terra e o céu.
Eu vi e vivi a morte sussurrando por entre os galhos dos pinheiros.
Era essa a música que tocava quando eu, definitivamente, parti.
E segui o último caminho sozinha.
Olhos fechados,
cabeça recostada na porta de aço.
A espuma escorrendo ao chão
pela boca entreaberta.
Foi assim, sozinha
que caminhei minha última jornada
por entre os galhos dos plátanos
onde fiz a descoberta mais importante.
Me levantei da vida
e minha alma seguiu a estrada
numa jornada silenciosa.
Folha seca, caída ao chão
como um dia cheguei à tua primeira página
Mas comigo um milagre aconteceu.
Eu desisti do abraço de luz em meio à escuridão.
E me voltei para o início da travessia.
Não me rendi à música que tocava,
quando eu definitivamente parti.
Quando um sopro se apagou e eu estava sozinha.
Quando eu definitivamente parti,
o Adieu era a última música que tocava.
Um sopro se apagou e eu estava sozinha,
não houve uma última nova canção,
um último beijo,
só um adeus
(Tchau, Adieu!),
uma despedida longínqua
e nenhuma bagagem na mão.
E foi sozinha que eu definitivamente parti...
Até a morte, como você não sabia,
eu também nunca soube o quanto era querida...
Eu projetava sombras sem luz antes de morrer.
E foi morrendo que passei a querer viver.
Tudo mudou - novos paradigmas se formaram.
O infinito que me acenava pelas costas se projetou à minha frente.
O tempo paralisou até que eu - ressuscitada -
recobrasse da vida o sentido.
Eu abri os olhos e meus dedos escreveram
sobre o lençol profundo da alma,
desenharam uma palavra escrita
na palma da minha mão.
Hoje deito nos teus braços, meu amor querido, e suplico:
tempo paralise, por favor, paralise.
Agora eu conheço o momento.
Sei que é o mais lindo, sei que é o momento perfeito.
Por favor não deixe o tempo correr.
Me deixa viver o momento mais lindo e perfeito.
O momento em que deito nos teus braços e peço: por favor!
tempo paralise neste momento mais lindo,
tempo paralise, por favor, paralise.
Parelise no momento perfeito...
No momento em que deito nos teus braços e peço:
por favor, tempo paralise neste momento mais lindo,
tempo paralise, por favor, paralise.
Paralise no momento perfeito...
Tempo paralise e me deixe viver o momento perfeito!
(Dedicado ao Meu Amor,
Meu Querido,
Meu Gato no Telhado,
Amor de Minha Vida,
Meu Sol, Minha Luz,
Meu Amado Girassol,
Meu Lumiar de Brisa,
Minha Montanha Querida!)