Maria
Prosa e Poesia
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Textos

Sou folha seca que cai ao chão...

O silêncio fala na data do dia, mas se cala

nas linhas e entrelinhas de uma pergunta: e se tudo fosse azul?

 

O mundo mergulharia na (in)conectividade

das 7 cores das canetas sobre a mesa

e nas 10 outras, bela e organizadamente, expostas

no pequeno parador de madeira junto à divisória

entre os diversos mundos frequentados por almas

ainda desconhecidas de mim.

 

Com esse apagamento, também o passado se apagaria

no presente que ainda não definiu, no mundo do Sol, a sua cor.

 

O mundo de Maria não existiria pois que ela chegou, com suas palavras,

onde nenhuma outra mulher já havia chegado.

"E olha que são mais de 10 no meu prato" lhe disseram

em palavras escritas em algum lugar do passado.

 

Se tudo fosse azul, Maria já faria parte dos raios do Sol, sua vida.

Bem sabe o sábio que todas as cores habitam numa só

ou, num mesmo arco-íris, mas esta ninguém quer.

 

O Sol tem medo de estrelas reluzentes ou que guardam,

em seu silêncio de sementes, o lado do universo

que vive a escuridão e a tudo devora ou acolhe...

 

Acolho o silêncio. Não faço dele reflexo

porque o amor só acontece quando se expande,

quando exala seu perfume e transcende galáxias,

vidas, estações, palavras, quando transcende o poema

e os anos de eternidade que Sol e Lua caminham lado a lado,

mesmo distantes e o Sol amando outras estrelas candentes.

 

Talvez, talvez, a resposta para um silêncio de amor

seja não trilhar os 07 painéis da vida

com a expectativa de num deles se encontrar,

mas viver a vida como se o tempo não existisse,

fora dos calendários que dizem

que 10 + 7 é igual a 1 e "minha vida é com ela".

 

Não espelho silêncios, tanto que me expresso em palavras.

Não me espelho em silêncios, mas a ausência cala em mim

e o mundo começa a definir

que 7 gerações de tempo já passaram nos últimos dois minutos

e que fora dos sonhos, da imaginação e do universo das palavras

que se desenham na telinha da vida e na janela do tempo,

não haverão eclipses solares e lunares. Não, não haverão...

E o nó na garganta cala a voz dentro do peito

que chora diante a constatação.

 

Mas... não espelho silêncios.

Sou eu o meu próprio silêncio,

a voz das cíntias de minha própria floresta e jardim

de mulher adormecida dentro as pétalas

de uma "Rosa do Adeus" que numa manhã

lhe foi entregue "para viver o seu dia".

 

Sou eu a folha seca que rola ao chão pelo tapede de plátanos.

Sou a rosa dourada de meu próprio jardim.

É dentro dela que moro, é na água dourada e seca da folha

que, em todos os meus eternos outonos, eu caio ao chão...

Maria
Enviado por Maria em 26/03/2023
Alterado em 26/03/2023
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