Não sei o que diz o quadro na parede...
Ainda não toquei a moldura de madeira.
Nem vi os rastros do pincel na tela em branco,
Bem como, não senti o cheiro da tinta fresca
que embriagou de inspiração a alma em poesia...
De mim foram escondidas as mãos sujas de tinta,
o cavalete, a palheta... todos apetrechos usados...
Não vi os olhos semicerrados do artista...
Contemplando a harmonia da obra inacabada,
enquanto seu coração se desvelava em criação...
Talvez nunca possa compreender os mistérios deste quadro,
desvendar sua nudez, sua "pôr-em-obra-da-verdade".
Então... só saberei que é uma visão da vida exterior...
Desocultada e dissecada... de dentro para fora...
A instauração da verdade desvelada em sua “poiesis”.
Sobre o quadro Os Sapatos do Camponês de Van Gogh