Há uma fome de palavras
um desejo de encontrá-la solta
livre em um poema de hoje.
Há uma fome de sentidos,
uma saudade dessas memórias
em que não precisava
procurar a poesia em painéis
organizadamente expostos
sobre o tablado da vida.
Também tenho uma fome
que me devora a lucidez
e me apavora a mudez
querendo eternizá-la.
Meus olhos sempre vazaram gritos
e esses calaram com a flor que partiu,
porque o diálogo é que faz a poesia nascer
da verve da Poeta de "raridades".
Tenho engolido essas emoções
por isso, os olhos secos...
e a boca ressecada de ausências...
E os sonhos que vazam dos olhos
desaparecem ao vento que leva lágrimas.
Meu mar... eu quis levar num aquário
dentro do meu coração...
mas ele gosta de ficar sozinho
e no meu peito só há espaço pra nós dois.
Queria pinçar uma nuvem no chão,
queria abrir um botão de estrelas
Descobrir o que sei, se sou forte...
se faço Nada! ou nada faço...
É que sei pouco de mim,
e talvez o que perdura no olhar
é que não me permito mais a esperança,
porque a espera que vai
é também a que pelo mesmo caminho volta...
e minhas andanças de esperas
foram todas feitas de voltas...
Arrisco um sorriso...
um sorriso que não acolha desistências,
que lute para o amor sobreviver,
para ser a luz que te protege
enquanto meus olhos vazam sonhos
no fim de uma espera que avança...
Arrisco um olhar...
arrisco um sorriso na alma,
que se faça entender num poema
e que dedilhe sonhos...
para alimentar a fome de sentidos...