Sou um simples passarinho,
penas já ouriçadas pelo tempo,
olhos vazios de ninhos,
lábios secos e sedentos
de minhas próprias canções -
e é o vinho que bebo
em tempos de desertos
nos territórios da alma.
Não tenho mais nada a dar -
só o amor que já entreguei.
É teu! Zele por ele.
Será teu relicário de vida
quando minha alma partir.
Será o que carregará em meio à saudade,
em meio aos sozinhos da vida.
Eu? Só sei amar!
É meu refúgio, o amor em meu coração.
O resto o tempo irá levar...
por isso, nada mais tenho a dar...
Mas sigo, sonhando
com esse nosso novo mundo
feito de brando caminhar
e apanágio dos dias,
de meu sentinela de amor
com adornos de asas cativas...
Vivo!, ainda vivo!
E tenho saudades
do que nunca tive.
Tenho saudades...