É como um sonho, que começa com a descoberta de que o mundo não é só o que vemos e vivemos, mas que há vida por debaixo da pele e além dela e que a mente que luta pela razão tem um coração que pulsa, que lateja pela vida e que sabe que se ela não se encontra em nossas mãos há caminhos para buscá-la.
Entendo as árvores serradas, a dor sendo sacrificada para que o coração, um dia, encontre a paz. A dor da perda de alguém é tão insuportável e incompreensível que parecem milhões e milhões de mortes que vão acontecendo a cada dia, a cada hora, sempre nos cravando o aço quente no peito, nas entranhas. E cada vez morremos mais uma vez e outra e outra.
A busca e o encontro com a espiritualidade não redime, não muda fatos, não dirime a dor, mas nos permite compreender, nos permite constatar que cada um de nós escolhe seus caminhos e que o escolhido somos nós porque sempre fazemos uma opção.
Singra teve várias escolhas e fez todas em busca dessa luz, em busca da liberdade e depois de descobrir o amor em busca desse amor. E o amor lhe tocou a alma e se deixou tocar por ele.
A jornada de Singra pelos mundos de seus sonhos e de suas angústias (ao mesmo tempo) lhe ensinou que cada povo tem sua identidade, cada território o seu povo e que nossas raízes estão ligadas ao mais profundo, ao mais grandioso reino do universo - o reino de Singra e sua filha, a herdeira de suas memórias, de seu legado de lutas, de buscas, de descobertas do sentimento, do amor, do amor vivido e do sonho que o fez descobrir-se a si mesmo e a se amar.
Foi amando a si que agora pode entregar esse legado de amor a sua filha querida - seu amor supremo, sagrado, amor que os deuses deixaram de viver, mas que Singra descobriu e dele se apropriou para sobreviver e fazer viver a memória de Artoria e o amor dela e de Singra por Corata.