Ouço o barulho da noite adormecendo a lua em seu lento caminhar pela escuridão do universo.
Ao longe o som de uma voz que ensaia algumas notas de uma melodia. E perto, bem perto o retumbar barulhento do meu coração. Hoje ele faz um barulho ensurdecedor porque lembra, com saudades de tua voz de tanto tempo atrás, vinte milhões de milênios de tempo, me dizendo: se você quiser eu escrevo. E eu disse: eu quero! E teu coração ouviu o meu. E falou. Falou sim.
Falou até que o medo tomou conta de tua alma mais uma vez. Então você se calou. E agora meu coração chora o teu silêncio.
Ah! se ele pudesse falar mais uma vez e ser ouvido por ti. Diria: eu quero. Quero sim. Quero muito - ele iria gritar -.
E, no entanto, estou aqui, olhando o sonho que me deste de presente, onde um homem caminha só em sua estrada para algum lugar. Reli os 7 deveres que me ordenaste. Tão difíceis de cumprir. Não porque não queira, mas porque uma parte do que cabe a Maria fazer não depende unicamente dela.
Hoje também li as 7 cartas de mais uma fase que foi tão bruscamente interrompida. Fecho os olhos e ouço você falar. Viajo em tua voz. Navego em teus sentimentos. Sinto a grande luta de um homem em busca da espiritualidade. E não me privo de chorar. Como dói a tua ausência.
Olho teu nome ao lado do meu. A sinaleira da estrada que nos conduz escureceu e nunca mais as cores da esperança e nem da paixão eu vi acender.
E todos os dias, desde a última vez, há tanto tempo atrás eu venho aqui neste cantinho só meu e teu. Ninguém mais vem aqui. Somente você e eu.
Te olho silencioso. Vejo as quatro letras de teu nome tocando-me, caminhando em minha direção como a me dizer: espera, Maria! espera! Um dia, quando eu perder o medo, quando eu conseguir entender que minha alma está entrelaçada com a tua, eu venho para te encontrar. E então, no céu, um arco-íris de poesia dançará a melodia do nosso amor.