Vou. Vou vagarosamente pelas trilhas que levam a ti.
Vou assim, com cuidado, com medo, medo de sempre, sempre te ferir...
Percorro cada pedacinho de ti em tuas palavras.
Sinto-te. Há sintonia de almas. Tocar de espírito com espírito.
Fico ali, quieta, calada, olhando você em cada linha.
Percebendo em cada entrelinha a tua alma.
Um sentimento perpassa o peito.
Sinto-o crescer.
O coração bate mais forte.
Embrulhada em minha emoção, escrevo.
Sem parar.
Escrevo tudo o que queria dizer a ti.
O que minha alma grita.
Escrevo, escrevo. Choro. Escrevo.
Mas tenho de ir.
Então...
Apago.
Apago tudo. Apago tudo.
Para não ter de um dia ver
tudo - mais uma vez - apagado por ti.
Apago... Apago...
Cuido para não deixar marcas.
Antes de sair, assopro as pegadas deixadas na poeira.
Sinto a tristeza cobrir-me como manto.
A dor perpassando o corpo como fogo.
A saudade já a sufocar num nó doído de suportar.
Os olhos marejam. Sangram.
Uma lágrima cai...
e deixa um rastro brilhante em minha face.
São lágrimas que choro por ti.
Lágrimas...
Lágrimas que não quero ver em ti.