Quantos milênios me deixei saltar a janela,
abrindo os porões
para despejar amor em raios cegos do sol.
Quantas e quantas noites vivi,
encantada com minhas próprias asas,
pontuando emoção,
sem nunca me saber estrela
ou navegando em busca,
só, bem só,
de minha própria imensidão.
Deixei de me sentir em mim
para me entregar, inteira,
sempre em busca, sempre à espera
de um pequeno, miúdo, sinal de amor.
Nunca segui em minha direção,
não me deixei levar a mim
e agora não sei mais onde estou...
Se lá... do outro lado da vidraça da janela
tocando as teclas pensativas de um piano
ou do lado de cá, pronta pra abrir asas
e fugir para o mais longínquo espaço cideral...
Assim, assim...
como uma pequena ave,
pés pousados no fio...
faminta de luz, faminta de,
num piscar de luz e esperança,
um dia, de novo, quiça, se encontrar...