Maria
Prosa e Poesia
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(In)temporalidades

 

Sim, as folhas terrosas ainda caem no outono,

os olhos tímidos desviam o olhar

enquanto as mãos tremem e o coração se desmonta.

 

A descrição de um momento ímpar,

de um instante que não descola da mente, do coração.

As palavras colam a profundidade de um sentir

que não precisa de olhos pra reconhecer quem se ama.

E explicitam um sentimento que transcende o tempo

e o espaço em sua infinitude e beleza.

 

É possível sentir os rostos colados pelas ondas do mar

e as areias quentes fazendo barulho

enquanto passeiam nas conchas revoltas das águas.

 

Descobrir sentimentos também dói,

diz o sol entre um raio e outro de silêncio...

 

Também dói não poder viver um amor tão intenso e lindo,

adiá-lo indeterminadamente...

 

Só poder amar já é presente, dádiva,

e deveria ser lenitivo de vida poder vivê-lo sem contar os dias,

sem medo do amanhã (porque só temos o hoje),

sem dor, saudades, temor de compartilhá-lo,

mas com força e coragem e a certeza

de que cada instante junto nos concede

plenitude e luz, paz, completude do sentir...

Ah! deveria ser lenitivo de vida...

 

Mas, o silêncio de um é sempre reflexo do silêncio do outro.

Olhar-se mutuamente na sala vazia, contemplar-se no vácuo...

Não significa que o sentimento morreu.

O amor flutua intemporal e atravessa vidas e universos...

 

 

Maria
Enviado por Maria em 18/04/2023
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