Sim, as folhas terrosas ainda caem no outono,
os olhos tímidos desviam o olhar
enquanto as mãos tremem e o coração se desmonta.
A descrição de um momento ímpar,
de um instante que não descola da mente, do coração.
As palavras colam a profundidade de um sentir
que não precisa de olhos pra reconhecer quem se ama.
E explicitam um sentimento que transcende o tempo
e o espaço em sua infinitude e beleza.
É possível sentir os rostos colados pelas ondas do mar
e as areias quentes fazendo barulho
enquanto passeiam nas conchas revoltas das águas.
Descobrir sentimentos também dói,
diz o sol entre um raio e outro de silêncio...
Também dói não poder viver um amor tão intenso e lindo,
adiá-lo indeterminadamente...
Só poder amar já é presente, dádiva,
e deveria ser lenitivo de vida poder vivê-lo sem contar os dias,
sem medo do amanhã (porque só temos o hoje),
sem dor, saudades, temor de compartilhá-lo,
mas com força e coragem e a certeza
de que cada instante junto nos concede
plenitude e luz, paz, completude do sentir...
Ah! deveria ser lenitivo de vida...
Mas, o silêncio de um é sempre reflexo do silêncio do outro.
Olhar-se mutuamente na sala vazia, contemplar-se no vácuo...
Não significa que o sentimento morreu.
O amor flutua intemporal e atravessa vidas e universos...