Maria
Prosa e Poesia
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Textos

 

Há um caminho de paz que, vejo,

nem sempre nossos pés querem trilhar.

Temos sede de tempestades

e buscamos de tormentas a nos alimentar.

 

É que a alma é afeita a tornados e vulcões

e já cansou de semear silêncios.

Mas continuo lançando sementes

que se espraiam pelo ar 

em busca de uma toque de esperança,

de um toque de carinho das almas.

 

Talvez eu também tenha me perdido ao vento

que acaricia os pessegais

e entre a roda e o bastão

tenha escolhido sobreviver

nesse caleidoscópio de lágrimas.

 

Sou eu as sobras de pó

que se escondem

entre os monturos de lembranças

que ninguém quer.

 

Sou a ocasião sem vultos,

o momento sem

as lembranças de mim mesma,

a onipresença da dor.

 

Sou a fantoche que rodopia

entre uma palavra e outra

sempre em busca,

sempre à procura

de uma que fale de amor

como previu o poeta à longa data.

 

É meu o cinzel deitado à lona,

as carquilhas guardadas,

os despojos tristes e esfarrapados

de uma guerra sem vencedor.

 

E bem diz o sábio:

tudo boia no vazio,

pois que ela afogou-se

em lembranças de ninguém

e ele foi à procura

do canto doce de outros pássaros

que lhe permeiam as canções do dia.

 

E finda-se a história

triste e dolorida

de duas Argolas

que só rebuliçam asas feridas.

 

Tudo fruto desse mesmo tempo

que fere, machuca e comunga

dores e pesares,

dores e costados de feridas.

 

E cada um segue, sem colo,

sem o abraço e o beijo querido

- ela pra um lado, sozinha,

ele - em busca de outro parador.

 

Tristezas de Amor!

 

Um Agora sem guarita,

uma roda de lágrimas

e um bastão de dor...

 

É que a alma é afeita

a tornados e vulcões

e já cansou

de semear silêncios.

 

Mas continuo lançando sementes

que se espraiam pelo ar

em busca de uma toque de esperança,

de um toque - um só, que seja -

de carinho entre as almas.

 

 

Maria
Enviado por Maria em 24/04/2023
Alterado em 24/04/2023
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