Há um caminho de paz que, vejo,
nem sempre nossos pés querem trilhar.
Temos sede de tempestades
e buscamos de tormentas a nos alimentar.
É que a alma é afeita a tornados e vulcões
e já cansou de semear silêncios.
Mas continuo lançando sementes
que se espraiam pelo ar
em busca de uma toque de esperança,
de um toque de carinho das almas.
Talvez eu também tenha me perdido ao vento
que acaricia os pessegais
e entre a roda e o bastão
tenha escolhido sobreviver
nesse caleidoscópio de lágrimas.
Sou eu as sobras de pó
que se escondem
entre os monturos de lembranças
que ninguém quer.
Sou a ocasião sem vultos,
o momento sem
as lembranças de mim mesma,
a onipresença da dor.
Sou a fantoche que rodopia
entre uma palavra e outra
sempre em busca,
sempre à procura
de uma que fale de amor
como previu o poeta à longa data.
É meu o cinzel deitado à lona,
as carquilhas guardadas,
os despojos tristes e esfarrapados
de uma guerra sem vencedor.
E bem diz o sábio:
tudo boia no vazio,
pois que ela afogou-se
em lembranças de ninguém
e ele foi à procura
do canto doce de outros pássaros
que lhe permeiam as canções do dia.
E finda-se a história
triste e dolorida
de duas Argolas
que só rebuliçam asas feridas.
Tudo fruto desse mesmo tempo
que fere, machuca e comunga
dores e pesares,
dores e costados de feridas.
E cada um segue, sem colo,
sem o abraço e o beijo querido
- ela pra um lado, sozinha,
ele - em busca de outro parador.
Tristezas de Amor!
Um Agora sem guarita,
uma roda de lágrimas
e um bastão de dor...
É que a alma é afeita
a tornados e vulcões
e já cansou
de semear silêncios.
Mas continuo lançando sementes
que se espraiam pelo ar
em busca de uma toque de esperança,
de um toque - um só, que seja -
de carinho entre as almas.