Também rezo, todos os dias,
para a vida vir e me levar, sem pensar.
Meu desabrigo nasceu
quando me encontrei comigo mesma
e fui reprovada em meu próprio espelho.
Um homem sábio me disse que vivia errada
e que não podia caminhar as nuvens que pisava.
Rútila de dor aceitei seus desígnios
e trilhei épocas e épocas falando sozinha
em um cantinho para reflexão.
Condenada, não soube mais
sair das paredes
que me aprisionaram ao vazio
de um tempo sem nome
e sem rosto.
Também fui mulher de quatro espadas,
guerreira sem reino, mulher avulsa,
sem amor e devedora de causas perdidas.
Foi então que prepiciei rezar,
todos os dias, para a vida vir
e me levar, sem pensar.