É possível fazer um novo semanário? Um espaço em que o mundo gire ao contrário? A partir do tempo que se quer esquecer?
Não sou a primazia das flores - nunca fui. E se fosse - nunca seria a única, mas a primeira da fila... Mas não sou... nem a primordial primavera da rosa que sempre sonhei...
Pela primeira vez me pergunto: terei tempo? Terei Força? E, pela primeira vez, acredito que não...
É que hoje vi que o que é essencial para mim não o é para você. O que é necessário para mim não se torna necessário para você... O que eu busco ser visível hoje em nós, em mim,, continua tendo de viver no escondidinho para você...
Não queres meus mistérios ainda não decifrados, nem os segredos guardados... nem mesmo meu coração que já te entreguei...
Minha poesia te basta... apenas uma palavra... tens sede delas, não de mim... "alimenta o meu espírito com palavras" dia me pediu, me diz...
Te basta viver açodado, atrasado às demandas de teu coração, no vai e vem de tua maior mentira (a que me inexiste, me faz inexistir)...
Te basta, como disse o filósofo: viver na agitação da ilusão da "atividade"...
Foi a mensagem que Agora li na parede... E eu a entendi, compreendi:
"- xô! fora! Não quero conversa com você! Não sei se sabes, mas já nem sei mais quem és! Maria? Não... Rosali... Então... Não estou mais em ti... Agora... o que falam é verdade! Já estou sassaricando por aí, envolvido, apaixonado, vivendo feliz... em outra "atividade"!".
E o segundo do minuto passou, acabou...
E eu me vou... talvez para sempre. Mas volto para perguntar:
E agora amor da minha vida? É possível fazer um novo semanário? Um espaço em que o mundo gire ao contrário? A partir do tempo que se quer esquecer e em direção ao que se viveu e quer que volte? É possível? E depois, continuar a viver - sem chorar, sem sofrer, sem mais uma vida morrer?