A poesia nasce da espontaneidade da alma
e não há como prendê-la em grades e aramados.
Suas asas alcançam distâncias e alturas inimagináveis,
que os olhos da razão não conseguem conceber.
Por isso não há com transformar razão em ilusão
longe dos versos e linhas de uma poesia…
No voo augusto dos pássaros ela nasce célere
e segue seu destino no flanar das velas do vento.
Como uma carta de um tempo que ainda não se fez,
guardando memórias, medrando sentimentos…
Quando contemplo uma poesia - ao seu fim -
minha alma se curva em sinal de reverência
à poética inusitada, singela e bela - pura poesia
que nasce do espírito do poeta da antiguidade.
Enquanto aprendiz, me debruço em seus versos,
tecidos no baú da sua sabedoria e conhecimento.
É como se um mar de luz abrisse suas portas
para um mergulhar frenesi em ondas de águas azuis
e o repousar sereno nas folhas da primeira página,
de um livro da vida que me carrega em seu ventre.
É no vagar das palavras que traçamos caminhos
e encontramos a claridade para a consciência.
Porque o sonhar é o rascunho dos loucos…
Fúria, sossego e refúgio do silêncio da alma,
que poder falar, jamais tínhamos imaginado…
E o nada que somos nos é dado por inteiro,
quando não acreditamos ser alguém em algum lugar.
E, mesmo que fossemos algo em lugar nenhum…
seríamos mais do que só o risco de um pensamento…
Não é o barulho do árduo trabalho de lapidação,
que esconderá a pureza da pedra encontrada.
Só lhe dará mais beleza, forma, valor e perfeição…
Mas, a inspiração é a emoção do momento…
É quando a lágrima desce molhando o papel
e a poesia se escreve sobre um rumo incerto,
a alma se desenhando sem necessitar de mãos...
Porque a razão não precisa dos meus sentimentos…