Também arrasto asas
para este mistério da memória das conchas
cujo som percorre as lonjuras
e pousa suave qual esse pássaro enjaulado
e agora liberto e, talvez, talvez, ainda perdido de si.
Onde as portas abertas,
as janelas para o céu e as nuvens que caminham
levando os sopros interiores
sem mapas e bússolas para onde entregar?
Que estenda a mão o viajante
e as colha e as tome para si,
as passe na pele, cole no peito
qual marca de chão e eterna identidade...
É a pergunta, é a resposta.
É olhar, é o silêncio que faz
enquanto a lágrima fala.
É o subir, é o descer,
o ir, o voltar, o ficar... pra sempre
na lonjura que pousa suave
qual esse pássaro
sempre enjaulado e agora liberto.
É o nada,
é o tudo.
E o nada existe, mas não é compreendido,
ninguém sabe o que significa,
se um vazio ou uma alma em completude de amor,
o tudo do todo que sempre se foi...
Sim, são tantas as palavras que não dizem nada,
que não alcançam a intensidade,
o tom da nota necessário para gerar a música
que toque a alma num único e fulminante
ato de beleza e sublimidade do amor...
mas que traga algo de volta
quando bate no paredão de duas salas e três portas
cujas senhas o coração não mais conhece... só sente... e dói...
Se há resposta nas utopias,
se há sonho que ainda seja possível...
que carregue o vento minhas palavras
e as faça brilhar em tua face,
mergulhar em teus lábios
e colar minha alma na tua
enquanto o céu desce à terra
para a nossa dança de amor
e paixão pela vida...
Algures, o sonho...
algures...
algures... nós!